Nenhuma dúvida, nenhuma certeza!


Eu sou um grande fã¹ de analogias, metáforas e qualquer ferramenta ou figura de linguagem que tenha alguma capacidade de simplificar um conhecimento. E das metáforas que eu conheço, a que eu mais gosto é o Violinista no Telhado. Eu já escrevi sobre o “violonista” em outro texto, mas o sujeito que consegue tocar um violino se equilibrando em um telhado e correndo o risco de quebrar o pescoço é tão ninja que merece um texto só pra ele. 



Não vou te contar toda a história porque o Marcelo Moreira já fez um excelente texto sobre o musical e sobre o enredo. Como este blog pretende conversar sobre desenvolvimento pessoal, o que me interessa mesmo é o aprendizado que se pode ter observando como aquela comunidade de judeus russos reage diante de uma sucessão de eventos complexos. E fazendo isso, é muito fácil perceber que você também está sobre um telhado, tentando arranhar uma melodia agradável sem despencar de lá de cima.

Tevye, o protagonista, tem duas dúvidas que são os pilares do enredo e são respondidas durante todo o texto. Eu e você temos ou deveríamos ter as mesmas dúvidas, a diferença é que talvez não tenhamos nem o começo da resposta.  

Porque ficar lá em cima?

“Talvez perguntem por que é que ficamos lá em cima se é tão perigoso? Bem, ficamos porque Anatevka é a nossa casa.” 

Quando eu ouço essa resposta simples e prática do Tevye, me lembro de colegas de faculdade que estavam lá porque “ainda não sabiam o que fazer”. Lembro-me do funcionário que está no emprego porque não encontra “nada melhor”. Lembro-me do pai que não sabe dizer quais valores está transmitindo aos filhos. Lembro-me do professor universitário que está em sala de aula para “complementar a renda”. Lembro-me do político que não cumpre suas promessas de campanha por “culpa da burocracia”. Lembro-me destas e de outras respostas que ao contrário da resposta do Tevye são mentirosas, desonestas e funcionam como uma fuga.  Acredite nisso, não é divertido o fazer por fazer, estar por estar. Não vai ser nada legal chegar ao alto do telhado e descobrir que o que você queria realmente, ficou no chão.

Como manter o equilíbrio?

“E como mantemos o equilíbrio? Isso, digo numa palavra: tradição.”

Tradição! A segurança da resposta diz que o Tevye tem onde se segurar quando o barco balança. É ai que eu me refiro! Todo dia encontro pessoas cujo equilíbrio de vida está na religião, no ateísmo, na política, na educação, no emprego. Neste momento, não me preocupo onde as pessoas estão se segurando, me preocupo com quem não tem onde segurar. Isso porque são estes últimos que aparecem todos os dias na minha timeline (a virtual e a física) reclamando de tudo e todos, criticando tudo e todos, mas sem nenhuma alternativa a oferecer, nenhuma visão de mundo a compartilhar, nenhuma experiência para dividir. São pessoas que nunca perguntam os por quês de nada e justamente por isso, nunca tem uma resposta pra nada. 

Eu tive um professor meio maluco que no fim de todas as aulas perguntava se tínhamos dúvidas. Diante do silencio da turma ele sentenciava: “Nenhuma dúvida, nenhuma certeza”.


PS: Você pode saber mais sobre O Violinista no Telhado:


Um Violinista no telhado em cartaz com o José Mayer (na peça ele não pega ninguém)
Uma análise detalhada do enredo
Um resumo da resenha da sinopse! 
10 Motivos pra ver O Violinista no Telhado





1- Em vez de “Eu sou um grande fã”, eu ia dizer “Eu amo”, mas achei que ia ficar muito menininha. #preconceito 

POSTED BY Unknown
DISCUSSION 2 Comments

2 Responses to : Nenhuma dúvida, nenhuma certeza!

  1. Realmente, ótima geração de conhecimento Haralan.
    Entendi sua mensagem, que diz: é bom ter uma mensagem, mas sempre de solução/progresso! Isso?
    Eu tenho tal mensagem?
    E, doutro lado, tu tens razoavelmente a mensagem? E o efeito?

  2. Unknown says:

    O que eu vejo Rodrigo é que a esmagadora maioria das pessoas vive sem quê nem pra quê, apenas existe. E isso é nocivo, a consequência é uma sociedade doente.

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