Eu não preciso de motivos!





It’s open!

Um estudante de 21 anos trabalha em algumas ideias para o desenvolvimento de um Sistema Operacional. Para aperfeiçoá-lo ele pede ajuda a outros estudantes que contribuem voluntariamente para a conclusão da primeira versão.  Logo o sistema é disponibilizado para alterações e melhorias por pessoas de todo o mundo. O projeto cresce, criam-se comunidades em torno dele e 20 anos depois é a experiência com Software Livre mais bem sucedida da história beneficiando milhões de pessoas e organizações. E depois de tudo, aquele estudante diz ao mundo o que pensa sobre seu Sistema Open Source: "a melhor coisa que eu já fiz".

Nossa Própria Enciclopédia

Dois executivos iniciam um projeto cujo objetivo é “criar nossa própria enciclopédia”, decidem permitir que todo o conteúdo seja gerado por colaboradores voluntários que devem seguir regras simples. Em 10 anos a enciclopédia baseada na internet se torna um dos dez sites mais acessados do mundo, é editada em 281 idiomas e possui mais de 19 milhões de artigos gratuitos e de livre edição por qualquer pessoa.

We Are 99%

Pessoas de muitas cores gêneros e opiniões políticas criam um movimento de resistência para ocupar pacificamente o centro financeiro mais importante do mundo. A única coisa que têm em comum é que todos os que estão ali fazem parte dos 99% que não toleram mais a ganância e a corrupção de 1%. Querem criar uma revolução de baixo para cima. Esse movimento extrapola fronteiras e espalha-se pelo mundo em poucos meses mobilizando massas, questionando o sistema econômico e exigindo de todos uma forma de pensar diferente.

A Primavera


Insatisfeitos com uma ditadura de 30 anos, cidadãos egípcios mobilizam-se pela internet e organizam grandes manifestações e atos de desobediência civil que culminam com a renúncia do presidente-ditador. O sucesso do movimento no Egito desencadeia ações semelhantes em vários países árabes onde a população questiona as ditaduras, exige melhores condições de vida e denúncia a repressão.


Não motive, inspire! 

Todos estes exemplos envolvem alto engajamento, voluntariado e nenhuma remuneração pela participação. Alguns perguntariam “o quê motiva essas pessoas?” Mas a pergunta correta é “o quê inspira essas pessoas?”. Essas histórias e vários outros movimentos econômicos e sociais levam-me a pensar que as pessoas NÃO precisam e nem buscam motivação. Mas procuram por inspiração. Da forma como é compreendida hoje em dia, principalmente nas organizações, a "motivação" é apenas um paliativo psicológico, é um estímulo emocional de curto prazo. 

Ninguém está procurando um motivo para vender mais para o seu patrão, nem está querendo motivação para fazer hora-extra ou para trabalhar aos fins de semana. Pessoas querem um propósito, uma referência, um significado, uma causa! Não somos máquinas que respondem mecanicamente às pílulas de motivação, precisamos de algo que nos faça sair da cama todas as segundas-feiras. E o despertador sozinho não é capaz de fazer isso. 


Up Date 1 - Acabou de sair uma pesquisa da Catho reproduzida pelo Lista 10 sobre os 10 Fatores que mais motivam os profissionais. Tirem suas conclusões. 



POSTED BY Unknown
DISCUSSION 7 Comments

7 Responses to : Eu não preciso de motivos!

  1. Meus parabéns Haralan! A pergunta correta é “o quê inspira essas pessoas?“ A propósito, artigo inspirador!

  2. Anônimo says:

    Oi Haralan, obrigado pela citação do PharmaCoaching!

    Há um complemento bem interessante sobre um dos exemplos que você cita em Drive, do Daniel Pink. Ele diz que as empresas que criam pacotes de incentivos financeiros para seus funcionários acreditam que o dinheiro é a melhor forma de motivar as pessoas. No entanto, essas mesmas empresas usam sistemas Linux em suas estruturas de TI. Vai entender...

    Um abraço, Rodolfo.

  3. Unknown says:

    Olá Rodolfo,

    Obrigado pelo comentário aqui. Eu ainda não li o Drive, vou ler em breve. A propósito, os textos da PharmaCoaching, do Não Posso Evitar e do Líder Acidental são ótimas fontes de estudo pra mim. :D

    Abraço!

  4. sebastian says:

    Ótimo artigo Haralan.

    O Drive do D. Pink faz o caso de que motivação 1.0 já era. O paradigma de premio castigo para motivar não funciona como a maioria espera.

    A expectativa precisa mudar.

    Por que?

    Porque um CEO já não consegue reter talento se aplica só prêmios e castigos. Quando o talento jóvem entra na empresa existe um shock cultural que não fica bem resolvido quando a galera jóvem não acha um propósito válido além do salário e uma convivencia razoável.

    O talento jóvem é muito mais creativo e a criatividade precisa histórias e narrativas inspiradoras para se expandir produtivamente.

    Pink fez bem em divulgar sobre isso porque o paper original que mostra os experimentos tem consequencias profundamente significativas mas são coisa que "ninguém lê."

    Porém, demostram que os desafíos que se resolvem com criatividade são mais eficientemente resolvidos por pessoas que compartilham um propósito em comum, bem mais do que quem estão incentivados so por um bônus.

    E isso acontece em forma trans-cultural (cross-cultural).

    Para mim, vai ficando cada vez mais exposto que o incentivo monetario é meramente um hack (para se ocupar de uma tarefa especializada) perante o que a pessoa realmente poderia fazer de melhor e que o incentivo verdadeiro sempre foi ficar apaixonado por uma causa (e fazer todo tipo de tarefas por ela).

    Tem coisas nas neurociencias e as ciencias cognitivas que estão mostrando cada vez mais que é por aí.

    Se não juntar a melhor forma de usar o cérebro com a melhor forma de trabalhar o resultado não pode mágicamente ser f*da ne?

  5. Unknown says:

    Valeu pela leitura Sebastian...

    Já tinha decidido ler o "Drive", mas após sua resenha, vou priorizar a leitura dele.

    Abraço!

  6. Anônimo says:

    Sebastian e Haralan,

    Especificamente sobre incentivos e punições, sugiro o "Carrots and Sticks" do Ian Ayres. Aqui tem uma prévia: http://www.naopossoevitar.com.br/2011/01/forca-de-vontade-a-ma-noticia.html

    Abraços, Rodolfo.

  7. Unknown says:

    Muito bom Haralan!

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